Pensamento Crítico - Mulheres Negras e Autorrecuperação- Bell Hooks


"Antes de manter efetivamente um engajamento na luta organizada pela resistência, no movimento de libertação negra, muitas pessoas entre nós precisam passar por um processo de autorrecuperação que ajude a curar feridas individuais que possam impedir que funcionemos plenamente." (from "Irmãs do inhame: Mulheres negras e autorrecuperação" by bell hooks)


PA citação de bell hooks acima nos convida a refletir sobre a importância da autorrecuperação como um passo fundamental antes de nos engajarmos de forma efetiva em lutas sociais e movimentos de libertação.


A autora ressalta a necessidade de curar nossas próprias feridas internas antes de podermos contribuir de maneira plena e saudável para as causas que defendemos.


Neste contexto, uma crítica construtiva pode ser direcionada para a falta de atenção dada a essa fase de autorrecuperação dentro de certos movimentos sociais e seus impactos negativos.


Um aspecto a ser considerado é a pressão existente dentro de alguns círculos ativistas para a imediatez da ação e a participação constante nas lutas sociais, muitas vezes sem espaço para o cuidado individual e a autorreflexão necessária.


Este ritmo acelerado pode resultar em esgotamento emocional e mental dos organizadores e militantes, prejudicando seu próprio bem-estar e comprometendo a eficácia das ações.


Assim, uma crítica construtiva seria a necessidade de os movimentos sociais priorizarem não apenas a mobilização coletiva, mas também a prática da autorrecuperação como um componente essencial para o fortalecimento e a sustentabilidade do ativismo.


Além disso, é importante destacar a interseccionalidade presente nesse processo de autorrecuperação, especialmente no contexto da luta pela libertação negra.


Como bell hooks menciona, as pessoas negras podem carregar consigo traumas individuais e coletivos resultantes de séculos de opressão e violência estrutural.


Nesse contexto exige a necessidade de abordar de forma inclusiva as diferentes experiências e vivências dentro da comunidade negra, reconhecendo a diversidade de trajetórias e desafios enfrentados por cada indivíduo.


Outro ponto relevante a ser considerado é a desmistificação do ideal de que a força e a resistência estão necessariamente ligadas à negação do autocuidado e à autopreservação.


Muitas vezes, a cultura do ativismo pode perpetuar a ideia de que a vulnerabilidade e a busca por ajuda são sinais de fraqueza, o que desencoraja as pessoas a procurarem apoio emocional e psicológico quando necessário.


Nesse sentido, se reforça a importância de promover uma cultura de acolhimento e empatia dentro dos movimentos sociais, onde a vulnerabilidade seja respeitada e valorizada como parte integrante do processo de autorrecuperação.


Por fim, é essencial ressaltar que a autorrecuperação não é um privilégio, mas sim um direito de todos os indivíduos que desejam contribuir de forma significativa para a transformação social.


Sendo assim, sugerimos a implementação de práticas inclusivas e acessíveis de autorrecuperação fora dos espaços ativistas, antes de se engajarem nas causas complexas, garantindo que todas as vozes e experiências sejam acolhidas e respeitadas.


Ao priorizar o cuidado e o bem-estar , estaremos fortalecendo não apenas os movimentos de resistência, mas também a capacidade de cada pessoa se engajar de maneira autêntica e sustentável em prol de um projeto que
Contemple a todos de forma mais justa e equânime.







O texto é uma pensamento crítico de:
Tânia Sanches Colunista  Frente Negra online.